Apresentação

Não seria impreciso afirmar que sobre São José existe ainda uma camada de densas nuvens que encobrem a sua rica missão ao falarmos da relação de sua fascinante pessoa nos desígnios de Deus. Certamente tudo isso é porque possuímos um resíduo do passado em boa parte herdado dos apócrifos com suas fantasias, ou talvez por um certo medo de que aproximar-se dele cheiraria a devocionismo ou pietismo ou ainda, seguramente porque costumamos vê-lo como o homem do silêncio que desempenhou a sua missão conferida por Deus não como “o verdadeiro” pai de Jesus, mas como o pai “putativo”.

Se quisermos conhecer a importância fundamental deste carpinteiro de Nazaré, devemos estudá-lo com seriedade, procurando descobrir a sua figura relevante na vida de Cristo e da Igreja, conhecer a sua tarefa desenvolvida com total dedicação de si no plano salvífico da encarnação como esposo e pai, com sua inserção na ordem da união hipostática. É nosso dever ancorar a piedade dos fiéis em bases firmes e buscarmos uma teologia josefina que o coloque em relação profunda com o mistério da encarnação de Jesus e não mantê-lo num “saudável isolamento” com a alegação que de São José temos pouco para conhecer e o pouco que conhecemos já é bastante. É uma pena que o currículo de teologia de formação dos sacerdotes não contemple a Josefologia.

Por isso, com uma linguagem simples e acessível a todos, apresento este pequeno trabalho com o intuito de despertar nos fiéis e nos pastores o verdadeiro desejo de conhecer e valorizar a teologia josefina, a fim de que como afirmou João Paulo II na exortação Apostólica “Redemptoris Custos”, tenhamos “algumas reflexões sobre aquele ao qual Deus confiou a guarda de seus tesouros mais preciosos, Jesus e Maria”.


Curitiba, 19 de dezembro de 2000.
Pe. José Antonio Bertolin, OSJ