04. Como explicar duas genealogias de Jesus?

O evangelista Mateus através de sua pena percorre todo o caminho da ascendência de Jesus até chegar a Jacó (Mt 1,1-16). Ele faz nos ver a sucessão legal, respeitando os direitos messiânicos de Davi até Jesus. Na sua genealogia, Jesus é qualificado como Cristo, ou seja, o Messias. Naturalmente Mateus escreveu para os judeus e isso tinha uma importância particular. Ele defende a descendência davídica de Jesus, o que era indispensável para os hebreus, a fim do reconhecimento como “aquele que deve vir”. O próprio João Batista perguntou a Jesus “És tu aquele que deve vir ou devemos esperar outro?” (Mt 11,3).

Por outro lado, Lucas segue outra linha indicando a sucessão natural de Jesus e fez o percurso da genealogia de Jesus chegar a Levi, como pai de José (Lc 3,23). Para explicar melhor esta questão é necessário um estudo exegético aprofundado. Em todos os casos, para esta questão de uma dupla genealogia os estudiosos propõem duas soluções:
1. Em base à Lei do Levirato expressa no livro do Deuteronômio (Dt 25,5-10), era estabelecido que se uma mulher ficasse viúva, devia tornar-se esposa do irmão do esposo falecido e o primeiro filho desse casamento era considerado filho legal do primeiro marido e filho natural do segundo marido.

2. Supõe que Maria era filha única de Levi, e José ao esposá-la entrou com plenos direitos de filho na família de seu sogro, isto porque diante da lei, neste caso, Levi podia ser considerado pai de José.
O importante é saber que José deu a Jesus o título messiânico, ele introduziu Jesus ao mundo como descendente de Davi, ou como afirmou São Bernardino de Sena: “De uma certa maneira, José deu a Deus, na pessoa do Filho, a nobreza temporal”.